alma fremindo e parada
gaivotas águas crianças
calmo o céu e lenta a vela
meu amor de tudo e nada
o sonho em mim vida nela
Jorra a fonte suas águas
indiferente ao da sede
como o da sede das águas
é à fonte indiferente
não à sede
mas como custa ser fonte
pronta a dar sua água à sede
de indiferente
quando se é fonte e tem sede.
Experimento agir por não agir
com meus mestres chineses fascinado
tanto mais que me vejo consolado
de me ter obrigado a existir
mas bem sinto o dever de repetir
o dentro de mim mesmo revelado
aquilo que jamais teria ousado
alto dizer a quem o queira ouvir
que por aí me ligo e firme prendo
ao mais alto poder e enfim me alio
ao que talvez não seja embora sendo
ao que o mundo contempla não o vendo
ao que a mim me criou porque eu o crio
ao que à vida conduz não a vivendo.
Agostinho da Silva in "Uns poemas de Agostinho"
Poema selecionado pela professora Cândida Perpétua
Poema selecionado pela professora Cândida Perpétua
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