Conspiração,
mistério, revelação. Uma complexa intriga palaciana, fielmente retratada,
envolve as vidas das duas principais personagens, el-rei D. Sebastião e Miguel
Leitão de Andrada, desde o nascimento ao desastre Alcácer Quibir.
D. Sebastião e o Vidente é um surpreendente livro de Deana
Barroqueiro, um romance histórico fascinante que apresenta uma nova visão sobre
uma das figuras mais marcantes da nossa história. D. Sebastião é retratado de
uma forma crua, realista, oferecendo uma perspetiva mais humana de um rei
órfão, que viveu a adolescência atormentado pelos seus complexos, um mancebo
visionário senhor de um poder absoluto que o arrastou ao desastre.
Por
sua vez, Miguel Leitão de Andrada, fidalgote de Pedrógão Grande e reconhecido
como vidente, surge como o leal escudeiro de D. Sebastião, com quem desenvolve
uma relação "quixotesca", partilhando todas as vicissitudes que
marcam o destino do rei Desejado. Foi, aliás, a partir da obra de Miguel Leitão
de Andrada - Miscelânea - que Deana Barroqueiro se inspirou para escrever este D. Sebastião e o Vidente, baseando-se
também no estudo comparado de inúmeros documentos históricos portugueses,
espanhóis, franceses e holandeses, num trabalho que a ocupou ao longo de dois
anos.
A
leitura dessas fontes e a paixão que a autora nutre pela época renascentista,
influenciaram de sobremaneira a definição da estrutura de D. Sebastião e o Vidente, a qual segue o modelo dos romances
seiscentistas (dividida em quatro partes, com 150 capítulos curtos). De
sublinhar, ainda, a presença de um narrador que interpela o leitor quase sempre
num registo irónico, pondo em evidência o paralelismo do seu tempo com os
nossos dias.
Tratando-se
de uma obra de grande fôlego, D.
Sebastião e o Vidente apresenta-se com uma linguagem muito cuidada, mas
simples, notando-se a preocupação da autora em refletir, sobretudo através dos
diálogos, o falar, os usos e os costumes daquela época, dando uma cor singular
à obra.
Deana
Barroqueiro nasceu em New Haven Connecticut, nos Estados Unidos da América, em
23 de julho de 1945. Foi essencialmente através da escrita que tomou
consciência do seu ser e se relacionou, comunicando e comungando, com o mundo
que a rodeava.
Licenciou-se
em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, de cujo grupo de teatro
fez parte juntamente com Luís Miguel Cintra, Luís Lima Barreto, Jorge de Silva
Melo e tantos outros, num tempo conturbado mas de contínua mudança que recorda
com saudade e emoção.
Por
vocação, tornou-se professora de Português, fazendo o estágio na Escola
Secundária Passos Manuel, em Lisboa, onde tem concretizado a maioria dos seus
projetos de Teatro e de Escrita Criativa com os alunos, tendo publicado várias
obras com o Grupo de Trabalho do M.E. para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses, a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto de Inovação
Educacional.
Deana
Barroqueiro confessa-se uma apaixonada da Língua e Cultura portuguesas, em particular
dos Séculos XVI a XVIII, que estuda há mais de vinte anos, e sendo, por
natureza ou vício, uma contadora de histórias, não resistiu ao desejo de
partilhar, com quem a quiser escutar, essas surpreendentes descobertas das
vidas aventurosas ou trágicas, por isso mesmo tão humanas e próximas, de
personagens históricas que fazem parte do nosso imaginário coletivo.
Publicou
oito romances históricos e dois livros de contos, os quais já se encontram
traduzidos e editados em Espanha, em Itália e no Brasil. No dia 21 de novembro
de 2003, nos Estados Unidos da América, durante o sarau para atribuição de
prémios do Concurso Literário Proverbo, de cujo júri fez parte, a escritora
recebeu um louvor pela Câmara de Newark, em reconhecimento do seu contributo
para a divulgação e promoção da língua e cultura portuguesas entre as
comunidades de emigrantes da América, Canadá e Europa.
É
autora do primeiro livro de ficção editado pela Porto Editora, D. Sebastião e o Vidente e venceu o
Prémio Máxima de Literatura (Prémio Especial do Júri).
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