terça-feira, 17 de novembro de 2015
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Filme do mês de novembro: As sufragistas
Título original: Suffragette
Realizador: Sarah Gavron
Género: Drama histórico
Classificação: M/12
Outros dados: Reino Unido, 2013, Cores, 106 min.
Realizador: Sarah Gavron
Atores: Carey Mulligan , Anne- Marie Duff, Helena Bonham Carter, Meryl Streep, Adam Nagaitis, Adrian Schiller.
Argumento: Abi MorganGénero: Drama histórico
Classificação: M/12
Outros dados: Reino Unido, 2013, Cores, 106 min.
O início da luta do movimento feminista e os métodos incomuns de batalha. Mulheres que, forçadas à clandestinidade, enfrentaram os seus limites pela causa e desafiaram o Estado extremamente opressor. A história destas ativistas, maioritariamente da classe operária e dispostas a perder tudo na luta pela igualdade, é baseada em factos reais.
Em Seia, no Cine Teatro da Casa da Cultura, nos próximos dias 20, 21 e 22
de novembro, pelas 21:30h.
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
domingo, 8 de novembro de 2015
Poema do mês de novembro: "Voz de Outono", de Antero de Quental
Voz de Outono
Ouve
tu, meu cansado coração,
O que
te diz a voz da Natureza:
—
«Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter
nascido em aspérrima soidão,
Ter
gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio
e cruel da mais cruel deveza,
Do
que embalar-te a Fada da Beleza,
Como
embalou, no berço da Ilusão!
Mais
valera à tua alma visionária
Silenciosa
e triste ter passado
Por
entre o mundo hostil e a turba vária,
(Sem
ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com
ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os
sonhos ideais que tu sonhaste!» —
Antero de Quental, in
"Sonetos"
Livro do mês de novembro: "Capitães da areia", de Jorge Amado
Capitães da Areia é o livro de Jorge Amado mais
vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição
apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo. Em
1944 conheceu nova edição e, desde então, sucederam-se as edições nacionais e
estrangeira, e as adaptações para a rádio, televisão e cinema. Jorge Amado
descreve, em páginas carregadas de grande beleza e dramatismo, a vida dos
meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia, conhecidos por Capitães
da Areia.
O
romance, que retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua, procura mostrar
não apenas os assaltos e as atitudes violentas de sua vida bestializada, mas
também as aspirações e os pensamentos ingénuos, comuns a qualquer criança.
Os
personagens que compõem o núcleo central da narrativa apresentam algumas
particularidades: João Grande possui uma força bruta, o Professor é lembrado
pelo talento artístico, Sem-Pernas pela amargura existencial, a opressão
sertaneja é representada por Volta-Seca, a sexualidade precoce por Gato, o
malandro é o Boa-Vida e a tendência à religiosidade se manifesta em Pirulito.
Todos são liderados por Pedro Bala, o protagonista do romance.
Órfão
desde muito cedo, Bala descobre o passado de seu pai, um líder operário
assassinado durante uma greve. Quem lhe dá a informação é João de Adão,
organizador de greves que abre ao menino as portas da luta trabalhista. Bala
prefere continuar a organizar os assaltos e roubos cometidos pelo bando,
participando das ações mais perigosas. Um dia, junta-se ao bando a menina Dora,
cujos pais tinham morrido numa epidemia de malária. Vista inicialmente com
desconfiança, aos poucos Dora se integra no grupo, ganhando o respeito de todos
e o amor de Pedro Bala.
Durante
uma ação, Bala e Dora são presos. Ela é colocada num orfanato, enquanto o
menino é submetido à violência de torturadores que tentam obter dele o local do
esconderijo dos Capitães. Bala sofre, mas nada revela. Foge do reformatório e
liberta Dora. A menina, no entanto, sai doente do lugar. Em sua última noite de
vida, pede ao namorado que a possua.
A
morte de Dora coincide com um momento de passagem para a vida adulta dos
principais membros do bando. João Grande vira marinheiro, Volta-Seca torna-se
cangaceiro, Pirulito entra para uma ordem religiosa e Sem-Pernas suicida-se
para não cair nas mãos da polícia. Por fim, Pedro Bala abandona o grupo, mas
não a condição de líder, agora voltada para a vida operária. Dessa forma,
continua a obra inacabada do pai.
Jorge Amado nasceu em Pirangi, Baía, em 1912, e faleceu a 6 de Agosto de 2001. Viveu uma
adolescência agitada,
primeiro, na Baía, no início dos seus estudos, depois no Rio de Janeiro, onde
se formou em Direito e começou a dedicar-se ao jornalismo. Em 1935 já se tinha
estreado como romancista com O País do
Carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), seguindo-se Terras do Sem Fim (1943) e S. Jorge dos Ilhéus (1944).
Politicamente de esquerda, foi obrigado a emigrar, passando por Buenos Aires,
onde escreveu O Cavaleiro da Esperança
(1942), biografia de Carlos Prestes, depois pela França, pela União
Soviética... regressando entretanto ao Brasil depois de ter estado na Ásia e no
Médio Oriente. Em 1951 recebeu o Prémio Estaline, com a designação de
"Prémio Internacional da Paz". Os problemas sociais orientam a sua
obra, mas o seu talento de escritor afirma-se numa linguagem rica de elementos
populares e folclóricos e de grande conteúdo humano, o que vai superar a
vertente política. A sua obra tem toques de picaresco, sem perder a essência
crítica e a poética. Além das já citadas, referimos, na sua vasta produção: Jubiabá (1935), Mar Morto (1936), Capitães da
Areia (1937), Seara Vermelha
(1946), Os Subterrâneos da Liberdade
(1952). Mas é com Gabriela, Cravo e
Canela (1958), Os Velhos Marinheiros
(1961), Os Pastores da Noite (1964) e
Dona Flor e os Seus Dois Maridos
(1966) em que o romancista põe de parte a faceta politizante inicial e se volta
para temas como a infância, a música, o misticismo popular, a turbulência popular
e a vagabundagem, numa linguagem de sabor poético, humorista, renovada com
recursos da tradição clássica ligados aos processos da novela picaresca. O seu
sentimento humano e o amor à terra natal inspiram textos onde é evidente a
beleza da paisagem, a tradição cultural e popular, os problemas humanos e
sociais - uma infância abandonada e culpada de delitos, o cais com as suas
misérias, a vida difícil do negro da cidade, a seca, o cangaço, o trabalhador
explorado da cidade e do campo, o "coronelismo" feudal latifundiário
perpassam significativamente na obra deste romancista dos maiores do Brasil e
dos mais conhecidos no mundo. Fecundo contador de histórias regionais, Jorge
Amado definiu-se, um dia, "apenas um baiano romântico, contador de
histórias". "Definição justa, pois resume o carácter do romancista
voltado para exemplos de atitudes vitais: “românticas e sensuais a que, uma vez
por outra, empresta matizes políticos...", como diz Alfredo Bosi em História Concisa da Literatura Brasileira.
Foi-lhe atribuído o Prémio Camões em 1994.
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