Mensagem de Irina Bokova,
diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Poesia, 21 de março de
2016
Shakespeare,
que morreu há 400 anos, escreveu em “Sonho de uma noite de verão” que: “O olho
do poeta, no frenesi, o faz olhar do céu à terra, da terra ao céu. E como a
imaginação corporifica as formas de coisas desconhecidas, a pena do poeta as
transforma em formas e dá ao nada uma habitação e um nome ".
Ao
prestar homenagem aos homens e mulheres cujo único instrumento é a liberdade de
expressão, que imaginam e agem, a UNESCO reconhece na poesia o seu valor como
um símbolo da criatividade do espírito humano. Ao dar forma e palavras ao que
não as tem – como a beleza insondável que nos rodeia, o imenso sofrimento e
miséria do mundo – a poesia contribui para a expansão da nossa humanidade
comum, ajudando a aumentar a sua força, sua solidariedade e sua autoconsciência.
As
vozes que carregam a poesia ajudam a promover a diversidade linguística e a
liberdade de expressão. Elas participam do esforço mundial para a educação
artística e a disseminação da cultura. A primeira palavra de um poema, por
vezes, é suficiente para recuperar a confiança em face da adversidade, para
encontrar o caminho da esperança em face da barbárie. Na era da automação e do
imediatismo da vida moderna, a poesia também abre um espaço para a liberdade e
a aventura inerentes à dignidade humana. Do canto “Arirang” da Coreia ao
“Pirekua” do México, os cânticos “Hudhud” do povo ifugao, o “Alardah” da Arábia
Saudita, o “Koroghlu” do Turcomenistão e o “Aitysh” do Quirguistão, cada
cultura tem sua arte poética que usa para transmitir conhecimentos, valores
socioculturais e memória coletiva, aspectos que fortalecem o respeito mútuo, a
coesão social e a busca pela paz.
Hoje,
eu aplaudo os profissionais, atores, contadores de histórias e todas aquelas
vozes anónimas comprometidas com e por meio da poesia, realizando leituras nas
sombras ou nos holofotes, em jardins ou nas ruas. Clamo a todos os
Estados-membros para que apoiem este esforço poético, que tem o poder de nos
unir, independentemente da origem ou da crença, pelo que é a própria essência
da humanidade.
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