segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Livro do mês de janeiro: "Perigoso", de Minerva Spencer

 


Lady Euphemia (Mia) Marlington foi raptada durante a adolescência e vendida a um harém. Agora que regressa a casa, 17 anos depois, é alvo da curiosidade e da bisbilhotice de todos. Pior do que isso, está prestes a enfrentar a sociedade londrina pela primeira vez, pois o pai fez-lhe um ultimato: ou ela casa ou passa a viver como uma reclusa. Mas Mia tem 32 anos… certamente que os seus pretendentes deixarão muito a desejar.

E no entanto… quem é o homem atraente e de olhar frio que se encontra entre eles? Trata-se de Adam de Courtney, viúvo duas vezes e conhecido como Marquês Assassino. Aos olhos da sociedade, só um louco lhe concederia a mão da filha em casamento. Um louco, ou, claro, o desesperado pai de Mia.

Contudo, esta união poderia trazer grandes benefícios a ambos. Além disso, a atração entre eles é palpável. Poderá a paixão vir a seguir? E se os segredos que cada um esconde vierem ao de cima… não seria catastrófico?
Perigoso é o romance de estreia de Minerva Spencer como romancista. Uma história repleta de aventuras inesperadas, humor e paixão, com um casal de protagonistas que desafia todas as convenções.


Minerva Spencer
nasceu no Canadá. Formou-se em História da América Latina e trabalhou na área do Direito durante algum tempo. Atualmente, dedica-se inteiramente à escrita, bem como ao resgate de aves de capoeira na quinta onde vive – tendo por companhia um marido altamente compreensivo e uma montanha de animais! Perigoso foi o seu romance de estreia e tornou-se de imediato um sucesso de vendas.

Poema do mês de janeiro

 


Ano Novo

De tudo, ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando...

A certeza de que precisamos continuar...

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto devemos:

Fazer da interrupção um caminho novo...

Da queda um passo de dança...

Do medo, uma escada...

Do sonho, uma ponte...

Da procura, um encontro...

 

Fernando Pessoa

 

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Poema do mês de maio


E o meu irmão
sabe
muitas coisas.
Sabe, por exemplo,
que um grama de pólen
é como um grama de si mesmo,
docemente predestinado ao lodo germinal,
ao mistério daquilo que se erguerá vivo de ramos,
de frutos e de filhos, com a bela certeza das transformações,
do começo inevitável e do necessário final, porque o que é imutável
encerra o perigo do eterno, e só os deuses têm tempo para a eternidade.

Luís Sepúlveda

Livro do mês de maio: A sombra do que fomos, de Luís Sepúlveda


Num velho armazém de um bairro popular de Santiago do Chile, três sexagenários esperam impacientes pela chegada de um quarto homem. Cacho Salinas, Lolo Garmendia e Lucho Arencibia, antigos militantes de esquerda, derrotados pelo golpe de estado de Pinochet e condenados ao exílio, voltam a reunir-se trinta e cinco anos depois, convocados por Pedro Nolasco, um antigo camarada sob cujas ordens vão executar uma arrojada ação revolucionária. Mas, quando Nolasco se dirige para o local do encontro, é vítima de um golpe cego do destino e morre atingido por um gira-discos que insolitamente é lançado por uma janela, na sequência de uma desavença conjugal…
Prémio Primavera de Romance 2009A Sombra do que Fomos é um virtuoso exercício literário posto ao serviço de uma história carregada de memórias do exílio, de sonhos desfeitos e de ideais destruídos. Um romance escrito com o coração e o estômago, que comove o leitor, lhe arranca sorrisos e até gargalhadas, levando-o, no fim, a uma reflexão profunda sobre a vida.

Luís Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949 e morreu a 16 de abril de 2020, em Oviedo, Espanha. O seu pai era militante do Partido Comunista e proprietário de um restaurante. A mãe era enfermeira e tinha origens mapuche. Cresceu no bairro San Miguel de Santiago e estudou no Instituto Nacional, onde começou a escrever por influência de uma professora de História.

 Aos 15 anos ingressou na Juventude Comunista do Chile, da qual foi expulso em 1968. Depois disso, militou no Exército de Libertação Nacional do Partido Socialista. Após os estudos secundários, ingressou na Escola de Teatro da Universidade de Chile, da qual chegou a ser diretor. Anos mais tarde, licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha.
 Da sua vasta obra – toda ela traduzida em Portugal –, destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Mas todos os seus livros conquistaram em todo o mundo a admiração de milhões de leitores.
 Em 2016, recebeu o Prémio Eduardo Lourenço – que visa galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica –, uma honra de definiu como «uma emoção muito especial».
Para além de romancista, foi realizador, roteirista, jornalista e ativista político. Em 1970 venceu o Prémio Casa das Américas pelo seu primeiro livro, Crónicas de Pedro Nadie, e também uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov, de Moscovo. No entanto, só ficaria cinco meses na capital soviética, uma vez que foi expulso da universidade por “atentado à moral proletária”. Membro ativo da Unidade Popular chilena nos anos 70, teve de abandonar o país após o golpe militar de Augusto Pinochet. Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Em 1979 alistou-se nas fileiras sandinistas, na Brigada Internacional Simon Bolívar, que lutava contra a ditadura de Anastácio Somoza. Depois da vitória da revolução sandinista, trabalhou como repórter.
 Em 1982, rumou a Hamburgo, movido pela sua paixão pela literatura alemã. Nos 14 anos em que lá viveu, alinhou no movimento ecologista e, enquanto correspondente da Greenpeace, atravessou os mares do mundo, entre 1983 e 1988. Em 1997, instalou-se em Gijón, em Espanha, na companhia da mulher, a poetisa Carmen Yáñez. Nesta cidade fundou e dirigiu o Salão do Livro Ibero-americano, destinado a promover o encontro de escritores, editores e livreiros latino-americanos com os seus homólogos europeus.
 Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Poema do mês de abril: "Esperança", de Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mário Quintana

Livro do mês de abril: "O jardim da esperança", de Diane Ackerman


Antes da Segunda Guerra Mundial, Varsóvia orgulhava-se de ter um dos mais famosos jardins zoológicos da Europa, um autêntico Éden. Jan e Antonina Zabinski, um casal de polacos cristãos que partilham a paixão pelos animais e pela natureza, são tratadores do zoo e vivem dentro do próprio parque.

Porém, o terror nazi não poupará a paz deste cenário quase idílico, e no meio de toda a destruição só a coragem e a grandeza dos Zabinski permitem utilizar o próprio zoo para salvar as vidas de centenas de judeus.

Esta obra é o testemunho poderoso dessa coragem, uma história verídica e heróica, baseada em inúmeras fontes da época, que ilumina a relação profunda entre a humanidade e a natureza, e celebra, com rara sensibilidade, a beleza, o mistério e a tenacidade do espírito humano.


Diane Ackerman, americana, é autora do bestseller A Natural History of the Senses, entre outros livros de não-ficção e poesia. Os seus ensaios sobre a natureza e a natureza humana apareceram em publicações como National Geographic, The New Yorker, New York Times, Smithsonian e Parade, entre outras. Diane Ackerman recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim, assim como os prémios John Burroughs Nature e Lavan Poetry.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Poema do mês de março - "Eu", de Florbela Espanca


Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, não o dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca

Livro do mês de março - "A dama negra da Ilha dos Escravos", de Ana Cristina Silva



A personagem central deste romance, D. Simoa Godinho, é uma das figuras históricas mais intrigantes e misteriosas da Lisboa do século XVI. Tendo nascido em S. Tomé, no seio de uma família rica de fazendeiros, acabaria mais tarde, já casada com o fidalgo Luís de Almeida, por vir viver para a capital do reino, onde viria a expressar o seu carácter profundamente humano através de inúmeras obras de solidariedade, nomeadamente junto da Misericórdia. Ficamos a conhecer toda a sua vida - a infância e juventude no exotismo de S. Tomé, a paixão por Luís de Almeida, a sua influência na sociedade lisboeta da época neste romance soberbo que tão bem soube captar as múltiplas nuances desta personalidade que tem apaixonado sucessivas gerações de historiadores.





Ana Cristina Conceição da Silva nasceu em Vila Franca de Xira, em 1964. É docente e escritora. Doutorada em Psicologia Educacional pela Universidade do Minho, especializou-se na área da aprendizagem da leitura e escrita, desenvolvendo investigação no domínio das aquisições precoces da linguagem escrita, ortografia e produção textual. Tem obra científica publicada em Portugal e no estrangeiro. Para além disso, tem-se dedicado à criação literária. Tem artigos científicos publicados em revistas e obras coletivas portuguesas e estrangeiras. Em 2002, faz a sua primeira viagem pela literatura com “Mariana, todas as cartas”, tendo dado continuidade a esta viagem de forma profícua e avassaladora: “A mulher transparente” (2003), “Bela” (2005), “À meia-luz” (2006), “As fogueiras da inquisição” (2008), “A dama negra da ilha dos escravos” (2009), “Crónica do Rei-Poeta Al-Um’Tamid” (2010), “Cartas vermelhas” (2011 – selecionado livro do ano pelo jornal Expresso e finalista do Prémio Literário Fernando Namora), “O rei do Monte Brasil” (2012 - finalista do Prémio SPA/RTP e do Prémio Literário Fernando Namora, e vencedor do prémio Urbano Tavares Rodrigues), “A segunda morte de Anna Karénina” (2013 - finalista do Prémio Literário Fernando Namora), “A noite não é eterna” (2016 - venceu o Prémio Fernando Namora), “Salvação” (2018), “As longas noites de Caxias” (2019) e “Rimbaud, o Viajante e o Seu Inferno” (2020).

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Amar é respeitar...








Poema do mês de fevereiro: Amar é...

Amar é...
sorrir por nada e ficar triste sem motivos
é sentir-se só no meio da multidão,
é o ciúme sem sentido,
o desejo de um carinho;
é abraçar com certeza e beijar com vontade,
é passear com a felicidade,
é ser feliz de verdade!

Albert Camus

Livro do mês de fevereiro: "O poder do amor", de Mary Balogh

Não há nada que a alta-sociedade mais aprecie do que um bom escândalo, e, ao morrer, Humphrey Wescott, conde de Riverdale, proporciona-lhe isso mesmo. É que Wescott não só tinha uma filha secreta como também casou em segredo quando era jovem… o que torna ilegítima a sua atual família. 
Anna Snow passou praticamente a vida inteira num orfanato. Desconhece por completo o conceito de lar. É com grande espanto que descobre que não só tem uma família, como o pai era o recém-falecido conde de Riverdale. Mas esta transição de órfã a herdeira não vai ser nada fácil… O duque de Netherby, porém, sente-se estranhamente impelido a ajudar esta jovem desamparada. É temido por todos, mas só ele sabe o que passou para alcançar o seu estatuto atual. Terá ele coragem, à medida que os sentimentos entre ambos se vão intensificando, de a deixar ver quem se encontra por detrás da máscara do duque? E conseguirá Anna adaptar-se à nova condição sem perder os seus princípios?

Autora premiada e presença constante nas listas de bestsellers do New York Times, Mary Balogh cresceu em Gales, terra de mar e montanhas, músicas e lendas. Ela levou consigo a música e uma imaginação vívida quando se mudou para o Canadá. Aí desenvolveu uma segunda carreira como autora de livros com finais felizes e que celebram o poder do amor. Os seus romances históricos venderam já mais de 4 milhões de exemplares em todo o mundo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Poema do mês de janeiro: O ano passado


O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.
As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.
Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.
E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.


Carlos Drummond de Andrade

Livro do mês de janeiro: "O nosso reino", de Valter Hugo Mãe


Delicadíssima história de uma criança em torno da ansiedade por uma resposta de Deus. Retrato de um Portugal recôndito ao tempo da Revolução dos Cravos que nos conta como em lugares pequenos as ideias maiores são relativamente intemporais e o que acontece ignora largamente o tempo exato do mundo.
O belo livro de estreia de Valter Hugo Mãe é uma fulgurante prova de imaginação e beleza. Entre a profunda ternura e a difícil aprendizagem da vida, cada dia é um esforço para que se prove a existência do milagre de se ser alguém.




Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia. Publicou sete romances: Homens imprudentemente poéticos; A desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino. Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros e As mais belas coisas do mundo. A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária no Jornal de Letras e coordena também a coleção de poesia elogio da sombra.