segunda-feira, 13 de junho de 2011

Livro do mês de junho: "Combateremos a sombra"

O romance Combateremos a Sombra, de Lídia Jorge, aborda uma terrível questão de grande actualidade: o tráfico e a corrupção. Assustadoramente actual, um livro que não nos abandonará nunca mais.

Numa linguagem fluente, com ritmo de policial, este  romance de Lídia Jorge prende o leitor da primeira à última página, enredando-o no mistério que envolve as principais personagens.

Através de Osvaldo Campos, um psicanalista cuja vida vai sofrer uma imensa alteração, penetramos nos meandros da alma humana e no mundo do crime e é estabelecida a ligação entre as diversas personagens que se nos deparam e as suas respectivas histórias. Ao relacionar-se com uma misteriosa mulher que surge no prédio do seu consultório e, através de uma paciente sua, cujos sonhos com paquetes e obras de arte são mais do que isso, Osvaldo Campos vê-se detentor de vários elementos que apontam para uma muito bem organizada rede de tráfico que envolve várias personalidades públicas. Ao pretender denunciá-la, envolve-se numa saga pessoal que na sua sombra esconde um terrível rasto de veracidade.

Neste romance, Lídia Jorge explora a alma humana e presenteia-nos com um variado grupo de personagens que encerram em si mistérios que vão para além dos da psique.


Lídia Jorge nasceu em Boliqueime, Algarve, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, tendo sido professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, durante o último período da Guerra Colonial. A publicação do seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980), constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da Literatura Portuguesa. Seguiram-se os romances O Cais das Merendas  (1982) e Notícia da Cidade Silvestre  (1984), ambos distinguidos com o Prémio Literário Cidade de Lisboa. Mas foi com A Costa dos Murmúrios  (1988), livro que reflecte a experiência colonial passada em África, que a autora confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Entre outros romances, conta-se O Vale da Paixão  (1998), galardoado com o Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus, o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube, e em 2000, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano. Passados quatro anos, Lídia Jorge publicou O Vento Assobiando nas Gruas  (2002), romance que mereceu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas.

A autora publicou, ainda, duas antologias de contos,  Marido e Outros Contos (1997) e O Belo Adormecido (2003), para além das publicações separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). A peça de teatro A Maçon foi levada à cena no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1997. O romance A Costa dos Murmúrios foi  adaptado ao Cinema por Margarida Cardoso. Os romances de Lídia Jorge encontram-se traduzidos em diversas línguas. Em 2006, a autora foi distinguida, na Alemanha, com a primeira edição do Albatroz, Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra.  Combateremos a Sombra
recebeu o Grande Prémio SPA-Millennium . E outros livros se seguiram, entre os quais se destaca A Noite das Mulheres Cantoras (2011).

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