sexta-feira, 1 de maio de 2015

Livro do mês de maio


Uma apaixonante aventura protagonizada por personagens inesquecíveis, cujas vidas constroem um magnífico retrato da história do século XX. Desde os anos da Segunda República espanhola até à queda do Muro de Berlim, passando pela Segunda grande Guerra e pela Guerra Fria, o novo romance de Julia Navarro transborda de intriga, política, espionagem, amor e traição.

A história centra-se em Amélia Garayoa, personagem que se alicerça nitidamente na lendária Mata-Hari. O livro inicia-se no presente com o jornalista Guillermo Albi, que se encontra desempregado e sem expetativas algumas a ser incumbido pela sua tia de investigar a vida da sua misteriosa bisavó.

Guillermo viaja por meio mundo em busca do rasto de Amélia e, com esse trajeto, vai-nos desvendando a fascinante vida de uma mulher com uma personalidade forte, de uma imensa coragem cuja fidelidade e desejo de expiação a fez estar presente e tomar parte na Guerra Civil de Espanha, na 2ª Guerra Mundial e na Guerra Fria. Em simultâneo, Navarro vai também delineando o surgimento dos regimes totalitaristas que se seguiram à Guerra Civil espanhola e o quanto perigosos foram e podiam ter sido se tivessem vingado.
 
 

Julia Navarro (Madrid, 1953) é jornalista e trabalhou ao longo da sua carreira na imprensa escrita,
na rádio e na televisão. Autora das obras de atualidade política, Nosotros, la transición; Entre Felipe y Aznar; La izquierda que viene e Señora presidenta, obteve um enorme sucesso com o seu primeiro romance, A Irmandade do Santo Sudário (Gótica, 2004), e alcançou os primeiros lugares de vendas um pouco por todo o mundo. Com o seu segundo romance, A Bíblia de Barro (Gótica, 2005), confirmou o seu êxito junto do público e da crítica. Estes dois títulos venderam até à data mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo, e foram publicados em mais de vinte e cinco países, entre eles, Itália, Alemanha, Portugal, Rússia, Coreia, Japão, China, Reino Unido e Estados Unidos.

Os seus romances mereceram os mais conceituados galardões: Premio Qué Leer para o melhor romance espanhol de 2004, VIII Premio dos Lectores de Crisol, Premio Ciudad de Cartagena 2004, Premio Pluma de Plata de la Feria del Libro de Bilbao 2005, Premio Protagonistas de Literatura e Premio Más Que Música de los Libros 2006. Os direitos de adaptação cinematográfica de A Irmandade do Santo Sudário já foram vendidos e, neste momento, a sua adaptação ao cinema encontra-se em fase de produção.



 


 


 


 
 

 
 
 

 


Poema do mês de maio


Maio de Minha Mãe

 


O primeiro de Maio de minha Mãe

 Não era social, mas de favas e giestas.

 Uma cadeira de pau, flor dos dedos do Avô

— Polimento, esquadria, engrade, olhá-la ao longe —

Dava assento a Florália, o meu primeiro amor.

 

 Já não se usa poesia descritiva,

 Mas como hei de falar da Maromba de Maio

 Ou, se era macho, do litro de vinho na sua mão?

 O primeiro de Maio nas Ilhas, morno como uma rosa,

 Algodoado de cúmulos, lento no mar e rapioqueiro

 Como Baco em Camões,

 Límpido de azeviche

 E, afinal de contas, do ponto de vista proletário,

 Mais de mãos na algibeira do que Lenine em Zurich.

 (Porque foi por esta época: eu é que não sabia!)

 

 A minha Maromba tinha barriga de palha como as massas

 E a foice roçadoira da erva das cabras do Ribeiro

 Que se pegou, esquecida, no banco do martelo de meu Avô

 Cujas quedas iguais, gravíticas, profundas

 

 Muito prego em cunhal deixaram,

 Muita madeira emalhetaram,

 Muita estrela atraíram ao bico da foice do Ribeiro

 Nas noites de luar em que roçava erva às cabras.

 Favas de Maio do meu tempo!

 Havia poder popular

 Nas mãos de minha mãe, que as descascava como flores

 E flores eram de si, na flórea abada

 Como se já guardassem flor de laranjeira e açaflor

 Nas suas intenções de Maio 1918, para as depor

 (Nem pensada sequer) na fronte à minha amada.

 

Vitorino Nemésio, in 'Antologia Poética'