quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Livro do mês de outubro: "Travessuras da menina má"

Paixão e distância, sorte e destino, dor e prazer... Qual é o verdadeiro rosto do amor?
Ricardo vê cumprido, muito cedo na vida, o sonho que sempre alimentara de viver em Paris. Mas o reencontro com um amor da adolescência mudará tudo. Essa jovem, inconformista, aventureira, pragmática e inquieta, arrastá-lo-á para fora do estreito mundo das suas ambições.
 Criando uma admirável tensão entre o cómico e o trágico, Mario Vargas Llosa joga com a realidade e a ficção para dar vida a uma história na qual o amor se nos revela indefinível, senhor de mil caras, tal como a menina má.





Quando Mario Vargas Llosa nasceu, em Março de 1936, em Arequipa, Peru, os seus pais estavam separados. Fez os estudos de primeiras letras na Bolívia e regressou ao Peru, em 1945, altura em que conhece o seu pai. Aos 17 anos decide estudar Letras e Direito e, no ano seguinte, casa com a sua tia Julia Urquidi, assegurando a subsistência com trabalhos muito diversos, desde conferir e rever os nomes das lápides dos cemitérios até escrever para a rádio ou catalogar livros. Em 1959, abandona o Peru e, graças a uma bolsa, ingressa na Universidade Complutense de Madrid, onde conclui um Doutoramento que lhe permitiu cumprir o sonho de, um ano depois, se fixar em Paris, onde, sempre próximo da penúria, foi locutor de rádio, jornalista e professor de espanhol – tinha apenas publicado um primeiro livro de contos. Regressa ao Peru, em 1964; divorcia-se de Julia Urquidi e casa, no ano seguinte, com a sua prima Patricia Llosa, com quem parte para a Europa, em 1967 (depois de ter publicado A casa Verde, em 1966), tendo vivido até 1974 na Grécia, Paris, Londres e Barcelona – após o que regressa ao Peru. O seu afastamento em relação ao regime de Havana irá marcar toda a sua biografia política e literária a partir de 1971, dois anos depois da publicação de Conversa na Catedral. Em Lima, pode, finalmente, dedicar-se em exclusivo à literatura e ao jornalismo, nunca abandonando uma intervenção política que o levou a aceitar a candidatura à Presidência da República, em 1990. Vive em Londres desde essa época, escrevendo romances, ensaios literários, reportagens e percorrendo o mundo como professor visitante em várias universidades. Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Rómulo Gallegos (1967), o Príncipe das Astúrias (1986) ou o Cervantes (1994). Foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010.

Cândida Perpétua


Palestra: "A criança 7 mil milhões"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Outubro: Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

A Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Seia comemorou o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares com a organização de diversas atividades:
  •  Decoração do espaço da Biblioteca Escolar com promoção de livros e da leitura;
  • Visitas guiadas à BE;
  • Chá de Letras com a divulgação de poemas de alguns escritores portugueses;
  • Realização de um Bibliopaper.
As atividades que implicaram a participação da comunidade escolar tiveram uma grande adesão.
O Chá de Letras, realizado no dia 20 de outubro, contou com a presença de 200 pessoas, incluindo professores, alunos, assistentes operacionais e técnicos operacionais.
O Bibliopaper concretizou-se no dia 24 de outubro com a participação de oito equipas, as quais incluíram alunos do 10º, 11º e 12º anos.
A todos os que contibuíram para o êxito destas atividades obrigada.

Chá de Letras




Bibliopaper




Resultados do Bibliopaper

24/10/2011


Equipa

Elementos da equipa

Classificação



Biblionavegadores (11º E)

Daniela Barroca
Mariana Pais
Pedro Ribeiro
Rita Ascensão


Patrões (11º E)
Cláudio Patrão
Miguel Mendes
Ana Filipa
Ana Rita


Vira cassetes (12º A)
David Almeida
João Saraiva
Bruno Dias
Luís Rebelo


Os Djiabos (10º F)
Flávio Rebelo
Paula Abrantes
Vanda Neves
Sandra Galvão


JASS (10º F)
Jéssica Nunes
Adriana Santos
Sara Santos
Sara Vera


As Tugas (10º F)
Soraia Figueiredo
Patrícia Mendes
Inês Martins
Joana Amaro
Inês Saraiva


Xugões (10º F)
Inês d'Almeida
Roby Abreu
Raquel Pimenta


30 CRL (10º F)
Eduardo Gouveia
Feliciano Monteiro
Débora Boto


A professora bibliotecária
Manuela Silva

Entrega dos prémios na BE

domingo, 23 de outubro de 2011

Teresa Calçada entrevistada por Cláudia Lobo

Teresa Calçada

"Ninguém nasce leitor"

Uma revolução silenciosa ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários. Portugal conseguiu pela primeira vez, em 2010, atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura. No Mês Internacional da Biblioteca Escolar, Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde 1996, comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura (PNL), deita contas às atividades das 2277 escolas integradas na RBE, que servem 1,1 milhões de alunos.

O que é hoje uma Biblioteca Escolar?

É, como sempre foi, um lugar de procura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como se opera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia do livro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecas escolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores, quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagens acrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de que tudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências que não são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para a tecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se com trabalho, com produção, com prática continuada.

Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante. As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude?

Quero crer que sim. O estudo demonstra que há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há mais miúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequando aos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são uma espécie de tosco, são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxe uma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-la socialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LeR+” não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, e isso trouxe, objetivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.

O que é ler com competência?
Primeiro, é ganhar o código de leitura. Tal como andar de bicicleta ou nadar, o que exige tempo e persistência. Depois, é necessário ter mecanismos para perceber o que os miúdos, mesmo lendo com destreza, não entendem porque ler é interpretar. Muitos meninos acabam o 4ºano sem essa competência bem cimentada. Estão condenados a serem maus leitores, logo maus alunos, em muitos casos reproduzindo a exclusão que transportavam à entrada da escola. Os estudos do PISA demonstram que em Portugal a escola é inclusiva, e a biblioteca ajuda também nesse trabalho. Tendo em conta que quando entra na escola um menino de uma família mais letrada está logo condenado a ler melhor porque tem o triplo do vocabulário de outra criança de famílias menos letradas, percebe-se a importância do trabalho da escola e da biblioteca.
     
Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante?

Acho que sim. Falamos sempre das bibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelo facto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo da informação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais as bibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for, são subaproveitadas.

in Visão de 20 de Outubro de 2011


Poema do mês de outubro

Luz e sombra etéreas danças
alma fremindo e parada
gaivotas águas crianças
calmo o céu e lenta a vela
meu amor de tudo e nada
o sonho em mim vida nela

Jorra a fonte suas águas
indiferente ao da sede
como o da sede das águas
é à fonte indiferente
não à sede
mas como custa ser fonte
pronta a dar sua água à sede
de indiferente
quando se é fonte e tem sede.

Experimento agir por não agir
com meus mestres chineses fascinado
tanto mais que me vejo consolado
de me ter obrigado a existir

mas bem sinto o dever de repetir
o dentro de mim mesmo revelado
aquilo que jamais teria ousado
alto dizer a quem o queira ouvir

que por aí me ligo e firme prendo
ao mais alto poder e enfim me alio
ao que talvez não seja embora sendo
ao que o mundo contempla não o vendo
ao que a mim me criou porque eu o crio
ao que à vida conduz não a vivendo.

Agostinho da Silva in "Uns poemas de Agostinho"

Poema selecionado pela professora Cândida Perpétua

sábado, 15 de outubro de 2011

Os professores, por José Luís Peixoto

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.

O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objetos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos atualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efetiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O ato que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.
Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.

Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011
(Fonte: Esquerda.net)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Outubro: mês da Biblioteca Escolar

Tomas Tranströmer, sueco, ganha prémio Nobel de Literatura


Um dos poetas mais importantes da Suécia, Tanströmer nasceu em 1931 e publicou a sua primeira obra, "17 dikter" ("17 poemas"), em 1954.  Estudou psicologia e poesia na Universidade de Estocolmo.
A sua obra foi traduzida para mais de 50 idiomas e inclui títulos como "The great enigma: new collected poems", "The half-finished heaven", "For the living and the dead", "Baltics", "Windows and stones".
Antes de ser premiado com o Nobel, Tanströmer tinha sido galardoado com o Aftonbladets Literary Prize for Literature, o Oevralids Prize, entre outros.