quarta-feira, 30 de março de 2016

Pássaro azul

Tua estirpe habitara alcândoras divinas.
Com os pés de prata e anil desceste antigos tempos.
E em minhas mãos pousaste, e o silêncio explicou-se,
por tua voz, que era de nunca e era de sempre.

Nomes de estrelas vinham sobre as tuas asas,
e era o teu corpo uma ampulheta pressurosa.
Entre as nuvens procuro o último azul que foste …
Mas, de tanto saber, nada mais se deplora.

Como te penso tanto, e tão longe procuro
tua música além das nuvens, não te esqueças
que posso estar um dia, em lágrima extraviada,
pólen do céu brilhando entre os altos planetas.

Mas não voltes aqui, pois é pesado e triste
o humano clima, para o teu destino aéreo.
Eu mal te posso amar, com o sonho do meu corpo,
condenado a este chão e sem gosto terrestre.


Cecília Meireles in Mar Absoluto

segunda-feira, 28 de março de 2016

Dia Nacional dos Centros Históricos


O Dia Nacional dos Centros Históricos comemora-se anualmente a 28 de março, na data do nascimento de Alexandre Herculano, seu patrono.

O Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses foi formalmente criado em 28 de março de 1993, sendo rapidamente adotado pela maioria das autarquias com centro histórico.

sábado, 26 de março de 2016

Dia do livro português


No dia 26 de março celebra-se o dia do livro português. Esta data foi sugerida pela Sociedade Portuguesa de Autores por ser o dia em que começou a ser impresso o primeiro livro em Portugal: “Pentateuco”, em hebraico. Este livro saiu, em 1487, das oficinas do judeu Samuel Gacon na Vila-a-Dentro, em Faro.
O primeiro livro totalmente português foi impresso a 4 de janeiro de 1497 no Porto: “Constituições que fez o Senhor Dom Diogo de Sousa, Bispo do Porto”. Foi produzido pelo primeiro impressor português Rodrigo Álvares.

Ler em livros portugueses é a melhor forma de homenagear os escritores portugueses.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Dia Mundial do Teatro



O Dia Mundial do Teatro celebra-se anualmente a 27 de março.
Para comemorar a data decorrem neste dia vários espetáculos teatrais gratuitos ou com bilhetes mais baratos e são relembrados alguns dos artistas e das obras mais importantes da história do teatro. O objetivo da data é promover a arte do teatro junto das pessoas.
O teatro é uma arte milenar e funciona como um meio de divulgação da cultura de diferentes povos. Desde a antiguidade, o homem usou o teatro como forma de expressão.
Existem vários géneros teatrais como a comédia, o drama, a farsa, a tragédia, a tragicomédia, o melodrama, a revista e o teatro infantil, entre outros.

Origem da Data
A data foi criada em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro. No Dia Mundial do Teatro, várias organizações culturais apresentam espetáculos teatrais para comemorar a efeméride, permitindo o acesso gratuito aos mesmos.

Teatro em Portugal
Gil Vicente, autor de diversas obras teatrais, é um dos nomes mais conhecidos do teatro português. O Auto da Barca do Inferno e o Auto da Índia são algumas das suas obras mais conhecidas. Embora Gil Vicente seja considerado o pai do teatro português, existem inúmeros registos de manifestações desta arte muito anteriores ao teatro vicentino, classificadas essencialmente em dois grandes grupos: o teatro religioso e o teatro profano.
Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é outra criação máxima do teatro português.

Grandes Peças de Teatro
Exemplos de grandes peças de teatro mundiais:
O avarento, Moliére
Salomé, Oscar Wilde
Esperando Godot, Samuel Becket
Macbeth, Shakespeare
Édipo, Sófocles
Quatro quartetos, T. S. Eliot
Volta ao lar, Harold Pinter
A morte do caixeiro-viajante, Arthur Miller
A Santa Joana dos Matadouros, Bertolt Brecht
Estado de sítio, Albert Camus



Páscoa Feliz


domingo, 20 de março de 2016

Mensagem para o Dia Mundial da Poesia 2016

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2016

Shakespeare, que morreu há 400 anos, escreveu em “Sonho de uma noite de verão” que: “O olho do poeta, no frenesi, o faz olhar do céu à terra, da terra ao céu. E como a imaginação corporifica as formas de coisas desconhecidas, a pena do poeta as transforma em formas e dá ao nada uma habitação e um nome ".
Ao prestar homenagem aos homens e mulheres cujo único instrumento é a liberdade de expressão, que imaginam e agem, a UNESCO reconhece na poesia o seu valor como um símbolo da criatividade do espírito humano. Ao dar forma e palavras ao que não as tem – como a beleza insondável que nos rodeia, o imenso sofrimento e miséria do mundo – a poesia contribui para a expansão da nossa humanidade comum, ajudando a aumentar a sua força, sua solidariedade e sua autoconsciência.
As vozes que carregam a poesia ajudam a promover a diversidade linguística e a liberdade de expressão. Elas participam do esforço mundial para a educação artística e a disseminação da cultura. A primeira palavra de um poema, por vezes, é suficiente para recuperar a confiança em face da adversidade, para encontrar o caminho da esperança em face da barbárie. Na era da automação e do imediatismo da vida moderna, a poesia também abre um espaço para a liberdade e a aventura inerentes à dignidade humana. Do canto “Arirang” da Coreia ao “Pirekua” do México, os cânticos “Hudhud” do povo ifugao, o “Alardah” da Arábia Saudita, o “Koroghlu” do Turcomenistão e o “Aitysh” do Quirguistão, cada cultura tem sua arte poética que usa para transmitir conhecimentos, valores socioculturais e memória coletiva, aspectos que fortalecem o respeito mútuo, a coesão social e a busca pela paz.

Hoje, eu aplaudo os profissionais, atores, contadores de histórias e todas aquelas vozes anónimas comprometidas com e por meio da poesia, realizando leituras nas sombras ou nos holofotes, em jardins ou nas ruas. Clamo a todos os Estados-membros para que apoiem este esforço poético, que tem o poder de nos unir, independentemente da origem ou da crença, pelo que é a própria essência da humanidade.

Jornal "Vivências..." - fevereiro de 2016

sábado, 19 de março de 2016

Nasceu-te um Filho

Nasceu-te um filho. Não conhecerás,
jamais, a extrema solidão da vida.
Se a não chegaste a conhecer, se a vida
ta não mostrou - já não conhecerás

a dor terrível de a saber escondida
até no puro amor. E esquecerás,
se alguma vez adivinhaste a paz
traiçoeira de estar só, a pressentida,

leve e distante imagem que ilumina
uma paisagem mais distante ainda.
Já nenhum astro te será fatal.

E quando a Sorte julgue que domina,
ou mesmo a Morte, se a alegria finda
- ri-te de ambas, que um filho é imortal.


Jorge de Sena, in 'Visão Perpétua'