sexta-feira, 8 de abril de 2011

Filme do mês de abril: "Inteligência Artificial"

Filme realizado por Steven Spielberg, a partir de um projeto de Stanley Kubrick, que conta a história de um robot com emoções e a sua “família” humana. Num mundo futuro, depois das calotes polares terem derretido, são criados robots para todo o tipo de funções, mas não ainda capazes de amar. O menino David é o primeiro projeto viável de inteligência artificial e o primeiro programado para amar incondicionalmente. Ele é adotado experimentalmente por um casal cujo único filho é portador de uma doença terminal e foi congelado até que a cura seja encontrada. Gradualmente, David conquista todo o carinho e atenção dos seus pais adotivos, mas uma série de circunstâncias inesperadas tornam essa vida impossível. O filho biológico do casal é curado e a família acaba por rejeitar o robot. Contando apenas com a companhia de um outro robot, David inicia uma jornada para encontrar o seu lugar num mundo, onde a linha que o separa das outras máquinas pode ser assustadoramente imensa ou quase impercetível.

Poema do mês de abril: "Regresso"

Regresso

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, da distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
 
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.

Miguel Torga

Livro do mês de abril: "O Sonho do Celta"

O Sonho do Celta baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico no Congo belga, em inícios do século XX, que durante duas décadas denunciou as atrocidades do regime colonial, antes de rumar à Amazónia peruana. Este homem, amigo de Joseph Conrad (e que o guiou numa viagem pelo Rio Congo, num cenário deslumbrante e perturbador, revelando-lhe uma realidade mais tarde retratada no romance Coração das Trevas), teve uma vida extraordinária e plena de aventura. É neste cenário que Vargas Llosa situa o início do seu livro.
 Roger Casement, acérrimo defensor dos direitos humanos, como também o comprovam os relatórios que redigiu durante a estadia na Amazónia peruana, militou activamente, no fim da sua vida, o nacionalismo irlandês, acabando por ser condenado à morte por traição e executado. Ele é muito mais do que um personagem de romance; a sua vida fabulosa, cheia de ousadias, sonhos e perseguições é também um fragmento  da história da humanidade, que não desiste de ser humana e justa apesar das muitas desilusões que a cercam.


Quando Mario Vargas Llosa nasceu, em Março de 1936, em Arequipa, Peru, os seus pais estavam separados. Fez os estudos de primeiras letras na Bolívia e regressou ao Peru, em 1945, altura em que conhece o seu pai. Aos 17 anos decide estudar Letras e Direito e, no ano seguinte, casa com a sua tia Julia Urquidi, assegurando a subsistência com trabalhos muito diversos, desde conferir e rever os nomes das lápides dos cemitérios até escrever para a rádio ou catalogar livros. Em 1959, abandona o Peru e, graças a uma bolsa, ingressa na Universidade Complutense de Madrid, onde conclui um Doutoramento que lhe permite cumprir o sonho de, um ano depois, se fixar em Paris, onde, sempre próximo da penúria, foi locutor de rádio, jornalista e professor de espanhol – tinha apenas publicado um primeiro livro de contos. Regressa ao Peru, em 1964; divorcia-se de Julia Urquidi e casa, no ano seguinte, com a sua prima Patricia Llosa, com quem parte para a Europa, em 1967 (depois de ter publicado A casa Verde, em 1966), tendo vivido até 1974 na Grécia, Paris, Londres e Barcelona – após o que regressa ao Peru. O seu afastamento em relação ao regime de Havana irá marcar toda a sua biografia política e literária a partir de 1971, dois anos depois da publicação de Conversa na Catedral. Em Lima, pode, finalmente, dedicar-se em exclusivo à literatura e ao jornalismo, nunca abandonando uma intervenção política que o levou a aceitar a candidatura à Presidência da República, em 1990. Vive em Londres desde essa época, escrevendo romances, ensaios literários, reportagens e percorrendo o mundo como professor visitante em várias universidades. Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Rómulo Gallegos (1967), o Príncipe das Astúrias (1986) ou o Cervantes (1994). Foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010.

domingo, 3 de abril de 2011

Visita de estudo a Sintra

            Quando o sol, ainda sem iluminar os céus, se escondia por detrás das nuvens, numa meia-luz habitual de madrugada, um autocarro parou junto aos portões da escola secundária de Seia para levar os seus alunos a visitar Sintra e Lisboa. A viagem durou cerca de três horas e meia, mas a ansiedade de chegar tornou a viagem muito mais demorada. Também a expectativa de conhecer uma das mais históricas e monumentais vilas do nosso país, Sintra, tomou conta de nós e até a inquietação abalava os professores que, durante o percurso, nos foram sempre dirigindo orientações e pedidos de atenção, sempre firmes no seu dever.
            A Sintra é-lhe reconhecida especial encanto pelo escritor Eça de Queirós, ao qual pertencem inigualáveis descrições do local. Para além disso, ao longo dos anos, Sintra tem aproveitado o facto de ser referência na obra Os Maias para deliciar os numerosos turistas com passeios, roteiros pedestres e caminhadas pela vila, ou outro tipo de entretenimentos turísticos ao gosto queirosiano… Bom, como tal, também, nós aproveitámos, assim que chegámos ao destino, de uma maravilhosa peça teatral, apresentada no Centro Cultural Olga Cadaval, que retratava os momentos mais importantes, sob o ponto de vista literário, da obra Os Maias. De seguida, usámos as nossas últimas energias matinais para montar um piquenique que se estendeu por uma das principais ruas do centro da vila. Após o almoço, seguimos, por entre os espessos arvoredos da serra de Sintra, até ao Palácio da Pena, e, embora a viagem, no início, tenha sido atribulada, muito por causa das curvas e da estreita estrada, tornou-se bastante agradável, pela envolvência que imediatamente tivemos com toda aquela natureza exótica. Também o palácio se mostrou uma enorme surpresa para muitos que ainda não o conheciam. O estar isolado no cume da serra, o ecletismo de estilos, os tons coloridos das torres e das cúpulas, os recônditos envolventes e a natureza exuberante emolduravam toda uma romântica e idílica atmosfera de início de primavera que nos propiciou um belo e inesquecível passeio. Depois desta visita deliciosa, deslocámo-nos, de autocarro, para uma pousada no centro da cidade de Lisboa, onde cada um se divertiu à sua maneira: uns deslocaram-se para o centro comercial mais próximo, outros descansaram nos quartos ou conversaram… Enfim, de um meio tão pequeno para um meio tão grande, tudo dependeu das asas da nossa imaginação para que não faltassem sorrisos.
            Na manhã seguinte, regressámos ao centro histórico de Sintra. O segundo dia foi muito bem aproveitado. Percorremos o roteiro queirosiano, para o qual se formaram dois grupos, cada um com um guia, que, sob as descrições do grande Eça, nos orientava para os pontos da vila que, na obra literária do escritor, mereceram mais destaque. Por exemplo, a Rua do Paço, o núcleo do centro histórico, que alberga o majestoso Palácio Nacional; a partir desse local encaminhámo-nos para o antigo Nunes (atual hotel Tivoli), o Netto e, ao de longe, o Vítor - três hotéis referidos n’Os Maias; em direção ao nosso destino, passámos pelo Lawrence’s, o hotel mais antigo da Península Ibérica, também conhecido pelas numerosas individualidades que nele ficaram hospedadas (como Lord Byron) e, ao longo da velha estrada de Colares, ladeada pelos enormes muros cobertos de verde musgo, a cascata, o Penedo da Saudade e, por fim, o Palácio de Seteais. Neste a guia chamou a nossa atenção para um arco que unia as duas partes do palácio e fez lembrar a Eça uma moldura de uma sublime tela, que continha ‘’no primeiro plano o terreno, deserto e verdejante, todo salpicado de botões amarelos; ao fundo, o renque cerrado de antigas árvores, com hera nos troncos, fazendo ao longo da grade uma muralha de folhagem reluzente; e, emergindo abruptamente dessa copada linha de bosque assoalhado, subia no pleno resplendor do dia, destacando vigorosamente num relevo nítido sobre o fundo do céu azul-claro, o cume airoso da serra, toda a cor de violeta-escura, coroada pelo Palácio da Pena, romântico e solitário no alto, com o seu parque sombrio aos pés, a torre esbelta perdida no ar, e as cúpulas brilhando ao sol como se fossem feitas de ouro (...)". É fácil de calcular que, após uma manhã a caminhar sem descanso pelas ruas de Sintra, o apetite já começava a surgir. Foi então que nos dirigimos à Escola Secundária Santa Maria, onde almoçámos.
            A previsão para o resto da tarde era mais calma. Cada aluno podia decidir o que realmente queria fazer. Deste modo, uns optaram por passar a tarde na vila, outros, mais interessados nas artes da história dos séculos passados, de que Sintra está repleta, decidiram visitar a Quinta da Regaleira ou o Palácio de Monserrate… Cada um desfrutou o momento de acordo com a sua inspiração, quiçá guardando todas as últimas sensações perfumadas pelos ares da belíssima serra de Sintra.
            Viagem promovida pelas professoras de Português Rosa Isabel Martins, Manuela Silva, Gracinda Pereira e pela professora de História e Cultura das Artes Balbina Andrade para as turmas dos 11.ºD, 11.ºE, 11.ºF e 12.ºD, a Sintra e Lisboa, durante os dias 15 e 16 de março, no âmbito do projeto «As 5 Portas da Leitura: Promoção do Livro e da Leitura, premiado pela RBE com a Candidatura de Mérito 2009 .

Maria Isabel Mendonça e Nathalie João



A obra "Os Maias" de Eça de Queirós interpretada pelos alunos da Escola Secundária de Seia

A obra "Os Maias" de Eça de Queirós, estudada pelos alunos do 11º ano, foi ponto de partida para a reescrita de algumas cenas emblemáticas, relacionadas com a problemática da educação centrada nas personagens masculinas Pedro da Maia, Carlos da Maia e Eusebiozinho.
            Os alunos do 11º C, com base no estudo da obra na disciplina de português, escreveram um texto em inglês, retratando de forma breve a infância de Carlos e o tipo de educação que lhe foi ministrada - a educação inglesa -, recordando, em analepse, o episódio em que Carlos deixa Eusebiozinho como um anjo depenado, apresentando, de seguida, também, em analepse, a infância de Pedro, em Inglaterra,  o tipo de educação que lhe foi incutida - educação portuguesa -, o seu suicídio e, em prolepse, o encontro de Pedro e Carlos, respetivamente pai e filho, no céu. Este diálogo continuava a versar a temática da educação e de como a vida poderia ter sido diferente para Pedro se tivesse sido educado de forma diferente.
            Os alunos foram ensaiados nas aulas de inglês e a dramatização foi apresentada no auditório da escola, no dia 16 de fevereiro a um grupo de alunos do 11º ano. Antes da representação teatral, os alunos assistiram a uma pequena palestra, dinamizada pela docente de inglês Cândida Perpétua, professora das turmas presentes, sobre a educação inglesa e os aspetos fundamentais que a caraterizam.
            Mas a dramatização não se ficou por aqui e, no dia 21 de fevereiro, os alunos do 11º J, orientados pela docente de português, Fernanda Gonçalves, presentearam-nos com uma diferente interpretação de alguns episódios de "Os Maias", à qual assistiram alguns alunos do 11º ano.
            O texto dramatizado pelos alunos do 11º J foi também escrito pelos mesmos nas aulas de português, tendo por base o estudo da obra, as caraterísticas do texto dramático e do texto argumentativo, conteúdos que já estavam a ser lecionados. Este texto abordou a infância de Pedro da Maia, a sua educação, o seu casamento com Maria Monforte e lua de mel, por algumas cidades da Europa, o suicídio de Pedro, a infância de Carlos, com o episódio de Eusebiozinho como anjo depenado, e os seus estudos em Coimbra, onde tirou o curso de Medicina.
            Estas atividades desenvolveram-se em colaboração com a Biblioteca Escolar, no âmbito do projeto "As 5 Portas da Leitura: Promoção do Livro e da Leitura", premiado pela Rede de Bibliotecas Escolares com a Candidatura de Mérito 2009.
            Os alunos envolvidos estiveram muito bem na dramatização dos textos e mostraram a sua capacidade de envolvência, motivação, interesse e empenho por atividades extracurriculares quando elas contribuem para o aprofundamento e aplicação de conhecimentos adquiridos no decorrer das aulas.
            Um agradecimento muito especial a todos os alunos envolvidos e aos professores que deram aos alunos a possibilidade de mostrar outras facetas, para muitos, adormecidas.

Filipe Faria na Secundária de Seia

            No passado dia 3 de março, algumas turmas do 10º ano da Escola Secundária de Seia tiveram o privilégio de conhecer um pouco melhor o escritor Filipe Faria e a sua obra.
            A obra deste escritor insere-se no género fantástico e a sua saga, "Crónicas de Allaryia" e estende-se ao longo de sete e fascinantes livros.
            Filipe Faria contou-nos como conseguiu escrever esta saga tão extensa e como entrou no mundo da escrita. O seu espírito juvenil e descontraído fez com que aquela hora fosse divertida e valesse a pena.
            Alguns alunos colocaram-lhe questões com o objetivo de serem esclarecidos acerca de alguns pormenores. O escritor respondeu sempre com sentido de humor e de forma bastante explícita.
            Foi, sem dúvida, um evento muito interessante pelo ambiente descontraído e pela expressividade do jovem escritor. Ficámos a conhecer a história curiosa de um jovem que não revelava um grande interesse pela leitura e que, após a descoberta do magnífico mundo da fantasia, se tornou um prestigiado escritor.

Pedro Ribeiro, Filipa Alves e Rita Ascensão, 10º E