quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Filme do mês de janeiro


12 Anos Escravo

Título original:

"12 Years as a Slave"

Realizador: Steve Mcqueen

Atores: Chiwetel Ejiofor, Michael K. Williams, Michael Fassbender

Argumento de John Ridley baseado na obra de  Solomon Northup "Twelve Years as a Slave"

Género:  Drama/Ação Classificação:  M/12

Outros dados: USA, 2013, Cores, 134 min.

 

Dirigido por Steve McQueen (não confundir com o saudoso e fabuloso ator, de “Bullit” prematuramente falecido em 1980) este filme recebeu, ontem, 9 nomeações para os Óscares de 2014, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Realizador.

Com este filme dramático McQueen procura aprofundar a história da escravatura nos EUA e a abordá-la segundo uma perspetiva mais realista, a partir de factos verídicos.

Tem como base as memórias do próprio Solomon Northup, que foi raptado e vendido como escravo em meados do século XIX.

 Classificado com 8.5 numa escala de 0 a 10, no IMDB.
 

Em Seia no Cine Teatro da  Casa da Cultura, nos próximos dias 24, 25 e 26 de janeiro.

 
 


Poema do mês de janeiro


Milagrário Pessoal

Dentro de ti ouço passar
o queixume dum quissange

uma guitarra que tange
uma cuica que ri


Escuto o alegre pulsar
de Lisboa, Rio, Luanda
o murmúrio da Kianda
o cantar do bem-te-vi

Dentro de ti vejo brilhar
palavras, como um tesouro
vaga-lume, ardor, besouro
ouço-as em seu fulgor

Auriflama, morança, vagar
palavras como um brinquedo
brucutu, malícia, folguedo
estropício, fagueiro, lavor

Dentro de ti ouço passar
o pregão da quitandeira
a reza da benzedeira
o golo do relator

Escuto o alegre pulsar
d'Alfama, Leblon, Marçal
os tambores de carnaval
o cantar do meu amor


José Eduardo Agualusa

Livro do mês de janeiro


Ao morrer, Faustino Manso, famoso compositor angolano, deixou sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico.

Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção entretecem-se, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente a Cidade do Cabo, na África do Sul.

Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais, e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem nesta viagem “malhas que o Império tece”, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem as mais estranhas personagens.

As Mulheres do Meu Pai é um romance sobre mulheres, música e magia. Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afetado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.
 
 
José Eduardo Agualusa nasceu a 13 de Dezembro de 1960 em Huambo, Angola. Estudou Silvicultura
e Agronomia em Lisboa. Publicou o seu primeiro livro em 1989 e desde então a sua escrita tem sido muito profícua: A Conjura  (romance,1989); D. Nicolau Água-Rosada e outras estórias verdadeiras e inverosímeis (contos, 1990); O coração dos Bosques (poesia, 1991); A feira dos assombrados (novela,1992); Nação Crioula (romance,1997); Fronteiras Perdidas, contos para viajar (contos, 1999); Um Estranho em Goa (romance, 2000); Estranhões e Bizarrocos (literatura infantil, 2000); A Substância do Amor e Outras Crónicas (crónicas, 2000); O Homem que Parecia um Domingo (contos, 2002); Catálogo de Sombras (contos, 2003); O Vendedor de Passados (romance, 2004); Manual Prático de Levitação (contos,2005); A girafa que comia estrelas (novela,2005); Milagrário Pessoal (romance, 2010) e Teoria geral do Esquecimento (romance, 2012). Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas. Recebeu vários prémios e sobre a escrita afirma o autor: “Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e no entanto é verdade."