domingo, 26 de maio de 2013

Poema do mês de maio

Nau Catrineta

Lá vem a Nau Catrineta,
que tem muito que contar!

Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar."

Passava mais de ano e dia,
que iam na volta do mar.
Já não tinham que comer,
nem tão pouco que manjar.

Já mataram o seu galo,
que tinham para cantar.
Já mataram o seu cão,
que tinham para ladrar."

"Já não tinham que comer,
nem tão pouco que manjar.
Deitaram sola de molho,
para o outro dia jantar.
Mas a sola era tão rija,
que a não puderam tragar."

"Deitaram sortes ao fundo,
qual se havia de matar.
Logo a sorte foi cair
no capitão general"

- "Sobe, sobe, marujinho,
àquele mastro real,
vê se vês terras de Espanha,
ou praias de Portugal."

- "Não vejo terras de Espanha,
nem praias de Portugal.
Vejo sete espadas nuas,
que estão para te matar."

- "Acima, acima, gajeiro,
acima ao tope real!
Olha se vês minhas terras,
ou reinos de Portugal."

- "Alvíssaras, senhor alvissaras,
meu capitão general!
Que eu já vejo tuas terras,
e reinos de Portugal.
Se não nos faltar o vento,
a terra iremos jantar.

Lá vejo muitas ribeiras,
lavadeiras a lavar;
vejo muito forno aceso,
padeiras a padejar,
e vejo muitos açougues,
carniceiros a matar.

Também vejo três meninas,
debaixo de um laranjal.
Uma sentada a coser,
outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas,
está no meio a chorar."

- "Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar"

- "A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar.
Que eu tenho mulher em França,
filhinhos de sustentar.
Quero a Nau Catrineta,
para nela navegar."

- "A Nau Catrineta, amigo,
eu não te posso dar;
assim que chegar a terra,
logo ela vai a queimar.
- "Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual."

- "Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar."
- "Dar-te-ei tanto dinheiro
Que o não possas contar"

- "Não quero o vosso dinheiro
Pois vos custou a ganhar.
Quero a Nau Catrineta,
para nela navegar.
Que assim como escapou desta,
doutra ainda há de escapar"

Lá vai a Nau Catrineta,
leva muito que contar.
Estava a noite a cair,
e ela em terra a varar.
Romance popular - composição poética ligada à tradição oral

domingo, 12 de maio de 2013

O livro da vida de Miguel Real


O livro da vida de Nuno Markl


O livro da vida de Nilton


O livro da vida de Pedro Abrunhosa


O livro da vida de Fernando Pinto Amaral


"O Bom Inverno" de João Tordo


"O Livro" de José Luís Peixoto


Fernando Savater: leitura em escolas


Atividades com as crianças do JI de Santa Comba


sábado, 11 de maio de 2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Filme do mês de abril

Baseado no romance homónimo de Joanne Harris, este filme relata-nos a história de uma mulher que abre uma chocolataria numa aldeia francesa. A família é constituída apenas por mãe e filha.
A loja de doces, símbolo da tentação e do pecado, vai abalar toda a rigidez, preconceito, hipocrisia e falsa moralidade desta pequena comunidade.
Contudo, no final, os habitantes da pacata aldeia francesa reaprendem a amar, rir e viver com alegria.
Juliet Binoche brilha como protagonista deste filme de 2000,nomeado para 5 Óscares da Academia. Para além de Binoche, o elenco conta com actores, como Johnny Depp, Judi Dench, Lena Olin e Alfred Molina. Um filme deveras saboroso!

Boletim informativo de abril




domingo, 14 de abril de 2013

Poema do mês de abril


O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.


Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Livro do mês de abril


Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis.

Um certo dia, decide começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida dos estrangeiros e garimpeiros que julgam dominar a selva, porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias.
O Velho que lia Romances de Amor é um "clássico" da literatura sul-americana, sendo um livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura em Portugal.  

A sua linguagem cristalina e enxuta, bem como as aventuras e emoções do velho Bolívar Proaño têm conquistado o coração de milhões de leitores em todo o mundo. Luís Sepúlveda dedicou este romance a Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia.
 
Luís Sepúlveda nasceu em Ovalle, Chile, a 4 de Outubro de 1949.É escritor, realizador, jornalista e
Fazendo parte da guarda pessoal do Presidente Salvador Allende, encontrava-se no Palácio de la Moneda, Santiago do Chile, no dia do golpe militar de 11 de Setembro de 1973, que levou ao poder Augusto Pinochet. Na sequência do mesmo, Sepúlveda foi forçado a abandonar o país.
É, indubitavelmente, um perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo. Concilia, com sucesso, o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas esperanças. De entre os seus romances, destacam-se As Rosas de Atacama, Patagónia Expresso Poder dos Sonhos e História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar.
ativista político. Reside em Gijón, Espanha, após ter habitado em vários locais do mundo e viajado por outros tantos; destaca-se a sua participação numa missão de estudo da UNESCO entre os Índios Shuar, no Equador.