quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Conto "A vendedora de fósforos" de Hans Christian Andersen

Fazia um frio horrível, nevava e o dia escurecera. Era véspera de Natal Naquele frio, naquela escuridão, perambulava pelas ruas uma pobre menina com os pés descalços roxos de frio. Carregava em seu velho avental pacotes de fósforos, mas naquele dia ninguém lhe comprara nada. Não havia conseguido nem ao menos uma única moedinha. Caminhava franzina, faminta. Era a própria imagem do desalento com os flocos de neve caindo-lhe pelos longos cabelos louros. Todas as janelas estavam iluminadas, e o cheiro dos assados resplandecia no ar, pois era véspera de Natal.
Abrigou-se entre duas casas, encolhendo-se contra as paredes, trespassada de frio e de fome. Não ousava voltar para casa pois não havia vendido nada e seu pai a espancaria. E depois em casa também fazia muito frio.
Com as mãozinhas duras de frio pegou um palito de fósforo e acendeu.
A chama do fósforo se elevou como uma velinha aquecendo a mãozinha gelada. A menininha teve a impressão, então, de estar sentada diante de uma lareira toda adornada. Mas quando a chama se apagou a lareira desapareceu e restou-lhe na mão apenas um toco de fósforo queimado.
A menina, então, acendeu outro fósforo e viu-se em uma sala diante de uma mesa com toalha alvíssima, toda enfeitada de porcelanas, com assados, doces e frutas finas. Quando ela ia alcançá-los o fósforo apagou-se e ela viu-se novamente sentada no chão morrendo de fome e de frio. A menina acendeu mais um fósforo e viu-se sentada debaixo da mais bela árvore de Natal como jamais havia imaginado. Milhares de anjinhos que enfeitavam a árvore inclinaram-se para olhá-la. A menina estendeu a mão para tocá-los mas o fósforo se apagou. Rapidamente acendeu outro fósforo.
A chama lançou uma enorme claridade ao redor, e diante de tanta LUZ, estava a sua velha avó, a única pessoa que a havia tratado bem neste mundo. Radiante a olhava com muita doçura. A menininha gritou: VOVÓ!! Me leva daqui, me leva com você. Sei que quando o fósforo apagar vai desaparecer, como a lareira, como a ceia, como a árvore de Natal. E ela, apressadamente, acendeu todos os fósforos de uma só vez pois queria reter a vovó. Os fósforos, então, lançaram uma luz brilhante, mais radiante que a Luz do Sol. A vovó tomou a menininha nos braços, e em meio ao esplendor, voou com ela para Deus, para um lugar onde não havia nem fome, nem frio.
No dia seguinte, naquela rua gelada, encontraram a menininha morta, ainda sentada, com o rostinho corado, um sorriso nos lábios segurando nas mãozinhas um pacotinho de fósforos queimado.
“Coitadinha - disseram as pessoas. Deve ter morrido de frio. Acendeu os fósforos para aquecer-se.”
Mas o que ninguém sabia era das belas coisas que ela vira e nem do esplendor em que ela e sua querida avozinha tinham subido para Deus, para aquele lugar onde não existe fome e nem frio.

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