segunda-feira, 1 de abril de 2019

Livro do mês de abril: "A arte da alegria", de Goliarda Sapienza


Era uma vez uma menina, Modesta, nascida no dia 1 de Janeiro de 1900, num mundo frustrado e rapidamente desaparecido… Não. A Arte da Alegria resiste a qualquer apresentação. Romance de aprendizagem, ele desdobra-se numa multiplicidade de caminhos. Romance dos sentidos e da sensualidade, ele ressuscita os fervores políticos que marcaram o século XX. Situado numa Sicília por vezes sombria, outras solar, prolonga-se pelo horizonte dos mares e das grandes cidades europeias…
Um romance sensual, erótico e inteligente que percorre a história dos primeiros cinquenta anos dos século XX europeu pelas mãos de Modesta, uma heroína excecional que aprende a ascender das suas humildes origens sicilianas até à aristocracia e ao poder, valendo-se da sua astúcia e dos seus dotes de sedução, sem com isso renunciar ao seu irredutível anelo de liberdade e ao seu insaciável amor pela vida.
Goliarda Sapienza faz fluir, através de um elenco riquíssimo de personagens, todas as suas opiniões sobre os factos da vida. Há muito neste livro, muito mais do que a mera “Alegria” que lhe dá título. É sobretudo uma ode à liberdade, à liberdade de poder ser, de poder dizer. Tem passagens de uma qualidade litarária incontestável e chega-se ao final com a ideia de uma mensagem que a autora tenta, e neste caso consegue, passar. A narrativa nem sempre é uniforme, nem sempre é totalmente coerente, mas percebe-se que isso se deve ao facto de ter sido escrita em diferentes fases da vida da autora. É um livro primordial. Um Clássico. Boas Leituras!



Goliarda Sapienza nasceu na Catânia, em 1924, numa família socialista anarquista, daí o seu nome. Aos 16 anos ingressa na Academia de Arte Dramática de Roma e trabalha sob a direção de Luchino Visconti, Alessandro Blasetti e Francesco Maselli. No final dos anos 60, inicia um ciclo autobiográfico de cinco obras, mas a elaboração de A Arte da Alegria, a sua obra-prima, prolongar-se-ia por mais de 10 anos. Morre em 1996, apenas a uns meses da publicação do seu romance em Itália. É considerada por muitos uma grande figura da literatura italiana do século XX. Com a publicação deste romance, a Dom Quixote recupera uma verdadeira jóia literária, de uma autora que não pôde desfrutar em vida do merecido reconhecimento.

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