sexta-feira, 8 de abril de 2011

Livro do mês de abril: "O Sonho do Celta"

O Sonho do Celta baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico no Congo belga, em inícios do século XX, que durante duas décadas denunciou as atrocidades do regime colonial, antes de rumar à Amazónia peruana. Este homem, amigo de Joseph Conrad (e que o guiou numa viagem pelo Rio Congo, num cenário deslumbrante e perturbador, revelando-lhe uma realidade mais tarde retratada no romance Coração das Trevas), teve uma vida extraordinária e plena de aventura. É neste cenário que Vargas Llosa situa o início do seu livro.
 Roger Casement, acérrimo defensor dos direitos humanos, como também o comprovam os relatórios que redigiu durante a estadia na Amazónia peruana, militou activamente, no fim da sua vida, o nacionalismo irlandês, acabando por ser condenado à morte por traição e executado. Ele é muito mais do que um personagem de romance; a sua vida fabulosa, cheia de ousadias, sonhos e perseguições é também um fragmento  da história da humanidade, que não desiste de ser humana e justa apesar das muitas desilusões que a cercam.


Quando Mario Vargas Llosa nasceu, em Março de 1936, em Arequipa, Peru, os seus pais estavam separados. Fez os estudos de primeiras letras na Bolívia e regressou ao Peru, em 1945, altura em que conhece o seu pai. Aos 17 anos decide estudar Letras e Direito e, no ano seguinte, casa com a sua tia Julia Urquidi, assegurando a subsistência com trabalhos muito diversos, desde conferir e rever os nomes das lápides dos cemitérios até escrever para a rádio ou catalogar livros. Em 1959, abandona o Peru e, graças a uma bolsa, ingressa na Universidade Complutense de Madrid, onde conclui um Doutoramento que lhe permite cumprir o sonho de, um ano depois, se fixar em Paris, onde, sempre próximo da penúria, foi locutor de rádio, jornalista e professor de espanhol – tinha apenas publicado um primeiro livro de contos. Regressa ao Peru, em 1964; divorcia-se de Julia Urquidi e casa, no ano seguinte, com a sua prima Patricia Llosa, com quem parte para a Europa, em 1967 (depois de ter publicado A casa Verde, em 1966), tendo vivido até 1974 na Grécia, Paris, Londres e Barcelona – após o que regressa ao Peru. O seu afastamento em relação ao regime de Havana irá marcar toda a sua biografia política e literária a partir de 1971, dois anos depois da publicação de Conversa na Catedral. Em Lima, pode, finalmente, dedicar-se em exclusivo à literatura e ao jornalismo, nunca abandonando uma intervenção política que o levou a aceitar a candidatura à Presidência da República, em 1990. Vive em Londres desde essa época, escrevendo romances, ensaios literários, reportagens e percorrendo o mundo como professor visitante em várias universidades. Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Rómulo Gallegos (1967), o Príncipe das Astúrias (1986) ou o Cervantes (1994). Foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010.

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