domingo, 3 de abril de 2011

Visita de estudo a Sintra

            Quando o sol, ainda sem iluminar os céus, se escondia por detrás das nuvens, numa meia-luz habitual de madrugada, um autocarro parou junto aos portões da escola secundária de Seia para levar os seus alunos a visitar Sintra e Lisboa. A viagem durou cerca de três horas e meia, mas a ansiedade de chegar tornou a viagem muito mais demorada. Também a expectativa de conhecer uma das mais históricas e monumentais vilas do nosso país, Sintra, tomou conta de nós e até a inquietação abalava os professores que, durante o percurso, nos foram sempre dirigindo orientações e pedidos de atenção, sempre firmes no seu dever.
            A Sintra é-lhe reconhecida especial encanto pelo escritor Eça de Queirós, ao qual pertencem inigualáveis descrições do local. Para além disso, ao longo dos anos, Sintra tem aproveitado o facto de ser referência na obra Os Maias para deliciar os numerosos turistas com passeios, roteiros pedestres e caminhadas pela vila, ou outro tipo de entretenimentos turísticos ao gosto queirosiano… Bom, como tal, também, nós aproveitámos, assim que chegámos ao destino, de uma maravilhosa peça teatral, apresentada no Centro Cultural Olga Cadaval, que retratava os momentos mais importantes, sob o ponto de vista literário, da obra Os Maias. De seguida, usámos as nossas últimas energias matinais para montar um piquenique que se estendeu por uma das principais ruas do centro da vila. Após o almoço, seguimos, por entre os espessos arvoredos da serra de Sintra, até ao Palácio da Pena, e, embora a viagem, no início, tenha sido atribulada, muito por causa das curvas e da estreita estrada, tornou-se bastante agradável, pela envolvência que imediatamente tivemos com toda aquela natureza exótica. Também o palácio se mostrou uma enorme surpresa para muitos que ainda não o conheciam. O estar isolado no cume da serra, o ecletismo de estilos, os tons coloridos das torres e das cúpulas, os recônditos envolventes e a natureza exuberante emolduravam toda uma romântica e idílica atmosfera de início de primavera que nos propiciou um belo e inesquecível passeio. Depois desta visita deliciosa, deslocámo-nos, de autocarro, para uma pousada no centro da cidade de Lisboa, onde cada um se divertiu à sua maneira: uns deslocaram-se para o centro comercial mais próximo, outros descansaram nos quartos ou conversaram… Enfim, de um meio tão pequeno para um meio tão grande, tudo dependeu das asas da nossa imaginação para que não faltassem sorrisos.
            Na manhã seguinte, regressámos ao centro histórico de Sintra. O segundo dia foi muito bem aproveitado. Percorremos o roteiro queirosiano, para o qual se formaram dois grupos, cada um com um guia, que, sob as descrições do grande Eça, nos orientava para os pontos da vila que, na obra literária do escritor, mereceram mais destaque. Por exemplo, a Rua do Paço, o núcleo do centro histórico, que alberga o majestoso Palácio Nacional; a partir desse local encaminhámo-nos para o antigo Nunes (atual hotel Tivoli), o Netto e, ao de longe, o Vítor - três hotéis referidos n’Os Maias; em direção ao nosso destino, passámos pelo Lawrence’s, o hotel mais antigo da Península Ibérica, também conhecido pelas numerosas individualidades que nele ficaram hospedadas (como Lord Byron) e, ao longo da velha estrada de Colares, ladeada pelos enormes muros cobertos de verde musgo, a cascata, o Penedo da Saudade e, por fim, o Palácio de Seteais. Neste a guia chamou a nossa atenção para um arco que unia as duas partes do palácio e fez lembrar a Eça uma moldura de uma sublime tela, que continha ‘’no primeiro plano o terreno, deserto e verdejante, todo salpicado de botões amarelos; ao fundo, o renque cerrado de antigas árvores, com hera nos troncos, fazendo ao longo da grade uma muralha de folhagem reluzente; e, emergindo abruptamente dessa copada linha de bosque assoalhado, subia no pleno resplendor do dia, destacando vigorosamente num relevo nítido sobre o fundo do céu azul-claro, o cume airoso da serra, toda a cor de violeta-escura, coroada pelo Palácio da Pena, romântico e solitário no alto, com o seu parque sombrio aos pés, a torre esbelta perdida no ar, e as cúpulas brilhando ao sol como se fossem feitas de ouro (...)". É fácil de calcular que, após uma manhã a caminhar sem descanso pelas ruas de Sintra, o apetite já começava a surgir. Foi então que nos dirigimos à Escola Secundária Santa Maria, onde almoçámos.
            A previsão para o resto da tarde era mais calma. Cada aluno podia decidir o que realmente queria fazer. Deste modo, uns optaram por passar a tarde na vila, outros, mais interessados nas artes da história dos séculos passados, de que Sintra está repleta, decidiram visitar a Quinta da Regaleira ou o Palácio de Monserrate… Cada um desfrutou o momento de acordo com a sua inspiração, quiçá guardando todas as últimas sensações perfumadas pelos ares da belíssima serra de Sintra.
            Viagem promovida pelas professoras de Português Rosa Isabel Martins, Manuela Silva, Gracinda Pereira e pela professora de História e Cultura das Artes Balbina Andrade para as turmas dos 11.ºD, 11.ºE, 11.ºF e 12.ºD, a Sintra e Lisboa, durante os dias 15 e 16 de março, no âmbito do projeto «As 5 Portas da Leitura: Promoção do Livro e da Leitura, premiado pela RBE com a Candidatura de Mérito 2009 .

Maria Isabel Mendonça e Nathalie João



Sem comentários:

Enviar um comentário